top of page

Forum na Mídia: Guia do Aborto Legal explica os direitos de vítimas de violência sexual

  • Foto do escritor: Fórum Aborto Legal
    Fórum Aborto Legal
  • 3 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Material elaborado por entidades de atenção à saúde das mulheres está disponível na internet e conta com mapa de hospitais referência ao abortamento legal




ree

“No momento em que as mulheres conhecem seus direitos, elas se tornam mais donas de si”. A frase é da advogada Renata Jardim, coordenadora de programas da Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos. A instituição é uma das responsáveis pela elaboração do Guia do Aborto Legal e de Cuidado à Pessoa em Situação de Violência Sexual. O material lançado em formato de e-book e vídeo está disponível na internet.


Produzido em linguagem acessível e objetiva, o guia reúne informações sobre violência sexual e direito à interrupção legal da gravidez no Brasil. O objetivo é que cada vez mais mulheres e pessoas com capacidade de gestar tenham conhecimento acerca de seus direitos em casos de violência sexual.


“O guia não é só um acesso à informação, mas também uma maneira de mostrar as possibilidades que a pessoa tem quando se vê na situação. Em caso de interrupção da gestação, a vítima tem que saber quais caminhos possíveis frente a gravidez. O conhecimento sobre os direitos gera um empoderamento, ela toma uma decisão baseada no conhecimento”, afirma Renata.


O manual feito em parceria com a Themis, o Fórum do Aborto Legal do Rio Grande do Sul e Ministério Público Federal é dividido em duas partes. A primeira explica o que é violência sexual e seus diferentes tipos: estupro, estupro marital, estupro de vulnerável, estupro corretivo, estupro coletivo, estupro sob sedação e stealthing (ato de tirar a camisinha no momento da relação sexual sem consentimento da outra parte).


Além de orientar as vítimas a procurar atendimento médico, o documento pontua sobre os cuidados de saúde emergenciais e os procedimentos realizados dentro dos hospitais, como o uso de medicações que evitam a gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).


A segunda parte traz informações sobre o aborto legal, cita as situações nas quais a legislação brasileira permite a interrupção da gestação e disponibiliza um mapa com hospitais de referência em atendimento e Atenção à Interrupção da Gravidez nos Casos Previstos em Lei. O guia também traz explicações importantes direcionadas a meninas e adolescentes que sofreram abusos, tendo em vista que 57,9% das vítimas de estupro no Brasil têm até 13 anos. Um ponto chave no país em que o governo nega o direito ao aborto de uma menina de 10 anos vítima de violência sexual.


Entretanto, não basta só decidir, a mulher precisa ser acolhida. Pensando nisso, o manual traz também orientações direcionadas aos profissionais de saúde no momento do atendimento a essas vítimas. “É dever do(a) profissional de saúde receber a pessoa de forma empática e respeitosa e realizar tanto o acompanhamento do caso quanto os encaminhamentos necessários, desde a entrada no serviço até o seguimento para a rede de cuidados e de proteção social”, diz trecho do documento.


Em 2020, o Ministério da Saúde publicou uma portaria com novas regras para o aborto legal feito na rede pública de saúde. Nele, o profissional de saúde é orientado a notificar a polícia em casos em que tiver indícios ou comprovação da violência sexual e também a preservar provas. A nova determinação causou polêmica entre instituições de saúde e órgãos de defesa da mulher.


Em resposta à portaria, o Ministério Público Federal publicou uma recomendação em que afirma que as novas regras contrariam leis que tratam da notificação do crime de estupro e reitera que “mesmo com a alteração do Código Penal, o registro de boletim de ocorrência sobre o crime de estupro é faculdade da vítima”. O MPF ainda estabelece que a notificação seja apenas para fins estatísticos a fim de ajudar na formulação de políticas públicas e deve ser feita de forma sigilosa, sem identificação da vítima.

“Nós articulamos com municípios que contemplam hospitais de atendimento ao aborto legal e com movimentos de mulheres para orientar os profissionais a não tomarem essa atitude. O profissional que não fizer a denúncia não deve temer sanções pois está respaldado pelo MPF. Cabe a ele apenas orientar a vítima caso ela queira denunciar”, enfatiza Renata Jardim.

Em um país onde são registrados 181 casos de estupro por dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, o material serve como uma forma de ir contra o aumento dos discursos moralistas no país que dificultam ainda mais o acesso aos direitos reprodutivos de meninas, mulheres e pessoas vítimas de violência sexual.


“Este governo tem uma clara atuação contrária aos direitos das mulheres, em especial aos direitos conquistados no campo da sexualidade e da reprodução. O foco na retirada dos direitos das mulheres em relação à interrupção da gestação segue em 2021, com a retomada dos projetos de lei relativos ao nascituro no Congresso Nacional”, finaliza Jardim.


Essa matéria foi publicada no Catarinas. Para ler no site de origem, clique aqui.

Comentários


Fórum Aborto Legal RS - 2023

bottom of page